O tratamento com radioterapia pode trazer alguns efeitos indesejáveis para a saúde bucal. Mas isso não significa que as consequências não possam ser diminuídas. “As sequelas podem ser amenizadas e controladas se os pacientes forem orientados em todas as fases do tratamento”, afirma a estomatologista Dulce Helena Cabelho. A especialista contou ao Sorrisologia sobre o protocolo de prevenção, desenvolvido por ela, para pessoas que são ou serão submetidas ao tratamento radioterápico na boca.
Pré-tratamento de radioterapia
Antes de iniciar a radioterapia é preciso tomar alguns cuidados de prevenção também, como realizar exame clínico e radiográfico da boca, aplicações de flúor e higiene oral adequada. Fazer os tratamentos periodontais e restauradores necessários também são indicados. Se houver prótese, não deixar de realizar sua manutenção. Além disso, caso precise, é bom extrair o dente antes.
Durante e após
Durante a radioterapia deve ser feito um controle e orientação de higiene bucal, além da aplicação de flúor. Já depois do tratamento, continuar com a limpeza oral correta e as consultas regulares ao seu dentista. Procedimentos mais invasivos devem ser cuidadosamente indicados por um profissional, segundo a especialista. “Não realizar procedimentos que promovam destruições ósseas como exodontias ou cirurgias, por período indeterminado”.
Mucosite
A mucosite é um dos efeitos colaterais do tratamento de câncer. É caracterizada por uma inflamação da parte interna da boca e da garganta que pode levar à úlceras dolorosas e feridas nessas regiões. Para prevenir o aparecimento das lesões Dulce sugere um procedimento. “Bochechos com clorexidina a 0,2% e anestésicos tópicos, uso de soro fisiológico a 0,9 % fazendo bochechos 4 vezes ao dia a partir do início da radioterapia” A profissional também indica a utilização de aplicações de laser de baixa potência em sessões diárias durante todo o tratamento.
Cárie de radiação
A cárie de radiação provoca amolecimento dos tecidos dentais causando fratura e dor intensa. A boa notícia é que existe como reverter esse quadro, segundo Dulce. “Fazer uso de saliva artificial e bochehos diários com clorexidina a 0,2%, até que o fluxo salivar seja restabelecido”. Já a remoção de tecidos amolecidos deve ser feita apenas com curetas, sem intervenções que provoquem sangramentos sérios.
Trismo
O trismo é uma constrição mandibular devido à contração involuntária dos músculos mastigatórios, fazendo com que seja difícil abrir a boca. “Pode ser realizado exercícios de fisioterapia nos músculos mastigatórios diariamente e em alguns casos podem ser utilizados relaxantes musculares”. Caso necessário, a prescrição de anti-inflamatórios não esteroidais pode ser feita também por um profissional.
Osteorradionecrose
A radioterapia provoca uma redução da atividade das células ósseas e alteração nos vasos sanguíneos, tornando o osso menos irrigado e, logo, mais vulnerável a infecções. A osteorradionecrose é uma consequência desse problema. “É preciso fazer oxigenação hiperbárica durante o tratamento radioterápico associada a antibioticoterapia e uma limpeza local com soluções antioxidantes”. Todos esses danos podem ter diferentes intensidades, dependendo sempre da resposta que o corpo de cada paciente apresenta.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dulce Helena Cabelho Passarelli – Estomatologia, Patologia Bucal e Laserterapia
São Paulo, SP
CRO-SP: 35856