O mau hálito pode acontecer, seja por ter comido alguma coisa que provocou isso ou até mesmo quando acordamos e sentimos aquele mau cheiro vindo de nossa boca. Mas calma! Dá para evitar esse tipo de situação e tratar o problema para que ele não se repita. O Sorrisologia preparou uma matéria com tudo que você precisa saber sobre esse quadro, desde as causas e consequências, até o esclarecimento de alguns mitos e verdades sobre o assunto.
1. O que é o mau hálito?
O mau hálito é caracterizado pelo mau cheiro que se instala na cavidade oral, e pode ser provocado por diversos fatores. Por se tratar de uma doença que gera desconforto tanto para si quanto para as pessoas ao redor, acaba se tornando um assunto que ninguém curte falar na rodinha de amigos. No entanto, é importante que, ao identificar um gostinho estranho constantemente na boca, ou até mesmo um odor diferente vindo dela, o paciente procure um profissional qualificado para identificar melhor o problema.
1.1 Diferença entre halitose e halitose fisiológica
Acordar com aquele gostinho ruim na boca é péssimo, além de bater uma verdadeira insegurança por achar que o mau hálito é uma realidade na sua vida. Mas não é necessário se preocupar tanto com isso, porque de acordo com o especialista em halitose, Maurício Duarte, o mau hálito matinal – também conhecido como halitose fisiológica – é muito comum e totalmente natural. Logo, não é exatamente um problema bucal, mas uma condição que pode atingir a todos os seres humanos. Isso acontece porque o jejum prolongado que passamos enquanto dormimos faz com que o nível de açúcar do sangue diminua, trazendo a hipoglicemia que, consequentemente, vai ocasionar o mau hálito. No entanto, se o problema persiste mesmo após a primeira escovação do dia, o ideal é procurar um especialista para verificar a razão por trás disso, já que a halitose (sem ser a fisiológica) pode ser causada por diversos fatores.
1.2 Por que acontece?
A maioria das causas para um quadro de halitose está associada à saúde bucal, de forma que as três principais são a saburra lingual, doenças da gengiva e cáseos amigdalianos. “A saburra ou biofilme lingual é uma placa bacteriana esbranquiçada ou amarelada que se forma no fundo da língua e doença periodontal são as que acometem a gengiva, osso de suporte dos dentes e as fibras do ligamento (que unem gengiva, dente e osso)”, conta Maurício. Já os cáseos amigdalianos dizem respeito às placas bacterianas que se desenvolvem dentro das amígdalas.
Mas além das causas bucais, o mau hálito também pode ser derivado de fatores externos à boca. Por mais que a incidência seja muito menor, variando de 3,8% a 7,3% dos casos, é preciso se atentar às outras causas também. Dentre essas, o especialista destaca a ingestão de alimentos odoríferos, a hipoglicemia (nível baixo de açúcar no sangue), o diabetes não compensado e as alterações hepáticas ou renais.
1.3 Como saber se tenho mau hálito?
Quando se desconfia de um problema, o mais recomendado é que o paciente recorra ao auxílio profissional para verificar a veracidade da situação e, assim, receber a indicação do tratamento mais adequado. “O profissional fará uma minuciosa investigação para detectar as causas diretas e indiretas da halitose, pois é comum que existam causas associadas”, explica Maurício. Dessa forma, testes como a sialometria – em repouso e sob estímulo mecânico – e o teste do hálito costumam ser realizados para essa verificação. A sialometria consiste em medir a produção salivar do indivíduo, e o teste do hálito pode ser feito tanto por um profissional, quanto por equipamentos específicos que são capazes de medir os gases oriundos do problema.
1.4 Uma boa higiene é a solução para prevenir
Alguns métodos são bastante eficazes quando se trata de um eventual mau hálito. Isto é, quando não é algo frequente. Quando isso acontece, balas e chicletes ajudam a refrescar, além de estimular a produção salivar – mas não substituem uma boa higiene. Aliás, a higiene é, de fato, a peça-chave para que o mau hálito não seja um problema na sua vida, sabia? A escovação diária após as principais refeições, com auxílio de fio-dental e enxaguante bucal, é um hábito que precisa fazer parte da rotina de todo mundo, pois só dessa forma é possível eliminar as sujeirinhas que se acumulam entre os dentes e prevenir as placas bacterianas que normalmente se formam e causam a halitose. Além disso, escovar a língua para remover a saburra ali depositada e realizar consultas periódicas ao dentista também são atitudes bastante importantes para manter a saúde bucal em dia.
2. Dúvidas comuns sobre o assunto
Agora que você já sabe (quase) tudo relacionado ao mau cheirinho que se manifesta na boca, é inevitável que ainda tenham algumas dúvidas à respeito da halitose. As mais comuns normalmente são referentes à outras possíveis causas desse quadro, e é justamente sobre isso que nós vamos falar.
2.1 Dente siso pode causar mau hálito?
Não bastasse o desconforto que os sisos causam quando estão nascendo, ainda há a possibilidade disso provocar mau hálito. Ninguém merece, né? O especialista em halitose, Maurício Duarte, conta que há duas circunstâncias em que o siso pode causar um quadro assim: a primeira é quando o dente está semi-incluso, ou seja, não nasceu completamente; a segunda está relacionada à higiene inadequada da cavidade oral, já que o siso não fica posicionado em um local muito estratégico.
Quando o mau hálito é derivado da primeira situação, ele explica: “Nesse caso, é criado um ambiente favorável para a acumulação de restos de alimentos e de placa bacteriana, que irão inflamar e/ou infeccionar a gengiva, propiciando a formação de maus odores”. Já se o problema é a localização do siso e, consequentemente, a má higiene no local, ele conta por que isso acontece: “Devido ao tamanho da ponta ativa da escova de dentes, que não alcança todas as faces do dente, e também pela dificuldade do uso do fio dental, o dente pode desenvolver cáries e principalmente problemas em seus tecidos de sustentação (gengiva, osso e ligamento periodontal)”.
2.2 Alimentos como alho e cebola podem piorar o quadro?
O alho e a cebola são considerados alimentos odoríferos, isto é, que podem alterar o odor do hálito – logo, sim, esse tipo de comida pode causar a halitose. De acordo com Maurício, há dois motivos para isso. O primeiro costuma ser passageiro e ocorre logo após a ingestão desses produtos, já que ambos contêm enxofre e duas substâncias que influenciam nesse processo: alil mercaptana e propil mercaptana. “Nesse caso vai ocorrer uma halitose na qual somente o odor do ar expirado pela boca vai ficar alterado e o ar exalado pelo nariz estará normal”, conta.
A segunda causa está relacionada à digestão e absorção desses componentes no intestino: o odor é alterado devido a metabolização dos alimentos, que vai gerar compostos derivados do enxofre e pode durar de poucas horas até o dia seguinte, já que vai depender do metabolismo da pessoa e da quantidade ingerida. “Ocorrerá uma halitose extrabucal transportada pelo sangue em que tanto o odor do ar expirado pelas narinas quanto pela boca terão alteração”.
2.3 Gengivite causa mau hálito?
Uma gengivite normalmente é identificada a partir do sangramento da gengiva após o ato da escovação, mas apesar do cenário sangrento, a causa para isso é bastante simples: a má higiene bucal. Com o acúmulo de placa bacteriana na região, a gengivite é certa, e consequentemente o mau hálito também. “As bactérias da boca metabolizam a sacarose e a transformam em substâncias alcoólicas, como o ácido láctico. O acúmulo de bactérias causa mau odor”, conta a especialista em periodontia Fabíola. Ela afirma que se o mau hálito for causado pela gengivite, eliminando a doença conseguimos acabar com o mau odor. Portanto, visitas periódicas ao dentista são sempre muito bem vindas, hein?
2.4 A TPM pode colaborar para a halitose aparecer
Já não é nada fácil ter que lidar com as crises de TPM ou com a própria menstruação, mas as mulheres ainda têm mais motivos para se preocupar: a produção hormonal que acontece durante esse período diminui o fluxo de salivação, consequentemente gerando o mau hálito. “Esta diminuição relaciona-se ao desequilíbrio do sistema nervoso central: pouca saliva aumenta a possibilidade de formação de placa bacteriana na superfície dos dentes e no dorso da língua – conhecida como saburra lingual, que provoca a liberação de gases, principalmente o enxofre, quando decompostas”, explica a especialista em estomatologia Dulce Cabelho.
3. Mitos e verdades sobre o mau hálito
Que as pessoas costumam espalhar notícias que não correspondem à realidade, a gente já sabe. Alguns mitos foram construídos ao longo dos anos sobre o mau hálito, e muita gente acredita piamente que se tratam de verdades. Como não é o caso, separamos alguns deles e vamos esclarecê-los para que ninguém caia nessas histórias mal contadas.
3.1 Ele vem do estômago
Esse talvez seja um dos maiores mitos relacionados ao mau hálito, mas não, o odor provocado pela halitose não tem origem no estômago. Em mais de 12 mil casos em sua clínica, Maurício comenta que nunca se deparou com um caso em que o mau cheiro viesse do órgão. Isso porque o ar que respiramos vem do pulmão, e não do estômago, e nas raras vezes que ele vem do estômago – como nos casos de arroto ou refluxo -, o odor é diferente, sendo mais ácido e com duração menor.
3.2 Pode ser transmitido pelo beijo
Imagina que chato sair em um date e sentir que aquele hálito desagradável vindo da boca do (a) crush. Por mais que a gente tente ignorar, tem horas que não dá, né? E quando chega a hora de dar uns beijinhos… aquela preocupação: será que dá para ser “contaminado” pelo mau hálito? Bom, pode ficar tranquilo, porque isso não vai acontecer! A halitose não é transmissível de maneira alguma, já que ela é provocada por bactérias existentes na boca do indivíduo. “O que faz com que esse grupo de bactérias comece a produzir maus odores é o aumento de substrato proteico a ser degradado”, explica o odontologista.
3.3 Chiclete é uma boa solução
O chiclete pode até ser uma boa solução temporária, pois estimula as glândulas salivares e refresca a boca, mascarando o mau hálito de forma suave, mas ele nunca resolverá um problema de halitose. Como Maurício explica, o efeito é passageiro e funciona apenas em casos mais leves. Além disso, sua ação de estímulo salivar, muitas vezes não é suficiente para diminuir o problema. Portanto, se você acha que andar com um chicletinho na bolsa para disfarçar o bafinho do mau hálito é uma boa ideia, saiba que esta é a maneira errada de lidar com a situação. Para acabar com isso, é importante que o paciente realize uma boa e completa higiene bucal todos os dias.