Quem nunca lidou com uma afta ou uma ferida na boca, certo? Se a lesão, no entanto, não mostra sinais de cicatrização – mesmo depois de 15 dias, ou longos períodos de tempo – é melhor ficar alerta. É possível que, na verdade, se trate do início de um câncer bucal. Para tirar todas as dúvidas sobre o assunto, conversamos com o estomatologista e patologista Daniel Cohen Goldemberg. Confira!
Primeiro passo para identificar a causa da lesão é consultar um estomatologista
Quando o assunto é saúde bucal, a prevenção é a palavra de ordem. Então, se você notou que as úlceras ou as manchas não desaparecem, mesmo depois de 15 dias ou mais, o primeiro passo é procurar um estomatologista. Segundo o Dr. Daniel, esse cuidado é ainda mais importante quando as feridas estão na língua ou abaixo dela.
“O especialista realiza um exame clínico que compreende uma anamnese criteriosa (questionário de saúde detalhado)”, explica o estomatologista. “Além de exame físico extraoral (para verificar se não existe sinal de infecção ou mesmo de potencial disseminação de um câncer de boca para linfonodos locorregionais) e intraoral (exame detalhado para verificar toda e qualquer lesão presente na cavidade oral do paciente, preocupante ou não).”
Aftas não podem se transformar em câncer bucal
Como saber se a ferida é uma afta ou um possível câncer bucal? Afinal, os sintomas dos dois incluem as lesões branco-avermelhadas. “Uma lesão ulcerada de cavidade bucal apresenta, sim, a possibilidade de transformação em um carcinoma espinocelular”, diz Daniel. Entretanto, ele acrescenta que uma afta não pode evoluir para um câncer. “Portanto, enfatizando a importância de que qualquer lesão que não cicatrize em até duas semanas deva ser examinada por um estomatologista para que o mesmo defina a conduta apropriada.”
Lesões e manchas com mais de 15 dias, mas sem dor – podem ser sinal de câncer bucal?
São poucos os casos em que as lesões, quando malignas, apresentam dor – mas atenção! “O câncer geralmente começa a causar dor após apresentar um critério de maior gravidade em termos patológicos que é a invasão perineural, com compressão da região ao redor dos nervos, o que leva à sintomatologia dolorosa”, explica Daniel. Por isso, é importante fazer check-ups periódicos com seu profissional de confiança, e consultá-lo assim que possível no caso de uma mancha ou úlcera que demore a sarar. “Apenas o especialista poderá avaliar se é uma lesão cancerizável ou mesmo um câncer de boca em seu estágio inicial”, acrescenta o estomatologista.
Câncer de boca está relacionado ao estilo de vida
Alguns hábitos podem ser muito prejudiciais a saúde bucal, podendo levar até mesmo a um câncer de boca. “O câncer de boca é causado principalmente pelo uso de produtos derivados do tabaco e potencializado pelo uso crônico excessivo de álcool”, conta Daniel. “Além da radiação ultravioleta, que causa a longo prazo câncer de vermelhão labial (mais comum no lábio inferior)”. Os raios UV, inclusive, são os responsáveis pelas leucoplasias e eritroplasias, lesões com potencial maligno.
Estomatologista dá dicas para prevenir o câncer de boca
Para o Dr. Daniel, o primeiro passo é para prevenir o câncer bucal é o cuidado com os raios solares. “Proteger o vermelhão dos lábios, além de proteger somente a pele (com protetor solar para lábios), especialmente em um país tropical como o nosso”, explica ele. Além disso, o estomatologista recomenda interromper o hábito de fumar: “Somente após 15 anos sem o tabagismo, a sua chance será igual à população em geral de apresentar uma neoplasia maligna.”
É importante também manter uma dieta equilibrada, já que muitos estudos apontam que o consumo de frutas e legumes diminui os riscos de diferentes tipos de câncer. Caso você beba, o ideal é sempre fazê-lo com moderação!
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Daniel Cohen Goldemberg – PhD. Estomatologia e Patologia Bucal
Rio de Janeiro – RJ
CRO-RJ: 29267