Sentir dor nunca é normal: há sempre um motivo por trás dela. E, apesar da dor de cabeça ser algo relativamente comum no geral, quando ela se torna constante e é combinada com desconfortos no ouvido, é preciso ficar atento: pode ser que um sintoma de DTM – mas claro, é preciso consultar um especialista para ter certeza antes de tirar conclusões a respeito. Para esclarecer essa questão, convidamos a cirurgiã-dentista Yara Moura Brasil para falar sobre isso.
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O que é DTM e como ela surge
Quando se fala em DTM, não é todo mundo que sabe exatamente o que isso quer dizer. A sigla, na verdade, se refere a “disfunções temporomandibulares”, caracterizadas por anormalidades na ATM (articulação temporomandibular) e/ou nos músculos de mastigação, segundo a especialista. No entanto, apesar de se saber as consequências dessa condição para o organismo, não há uma causa específica para que ela aconteça. “Não há uma causa definida para o surgimento da DTM, sendo, assim, multifatorial e muitas vezes especulativa, mas sabe-se que fatores biomecânicos e neuromusculares podem contribuir, além de traumatismos, problemas de oclusão, idade e predisposição genética”, explica.
Dor de cabeça e dor de ouvido podem ser sinais de DTM?
Sim! Esses são sintomas bem comuns da DTM, na verdade. E pelo que Yara destaca, não é somente a dor em si que se faz presente nessas ocasiões, mas sintomas otológicos em geral (zumbido, sensação de ouvido cheio, surdez momentânea) e a dor de cabeça constante. O motivo para que essas dores surjam, a especialista explica: “Isso acontece porque a DTM envolve um mau funcionamento muscular ou articular, podendo gerar travamentos, fadiga muscular e outros fatores que geram dor na cabeça e no ouvido, que é o local mais próximo da articulação temporomandibular”.
Apesar disso, vale ressaltar que a dor de cabeça também pode estar relacionada à outros problemas bucais, como o bruxismo (ranger involuntário dos dentes), infecções, dentes com pulpite, apertamento dentário e odontalgia atípica (dores persistentes no dente, sem causa identificada), além de tumores faciais e de problemas relacionados à outras partes do corpo. Então, nada de ignorar uma “simples dor de cabeça”, hein? Ainda mais quando elas se tornam frequentes, pois esse é um sinal emitido pelo seu organismo de que alguma coisa não está certa.
Outros sintomas para ficar atento
Dor de cabeça e dor de ouvido já estão na listinha de sintomas para ficar de olho, mas não são os únicos. Segundo a profissional, outros sintomas bastante comuns à DTM são dores na face, limitação para abrir a boca, estalos na ATM, cansaço nos músculos da face e travamento na mandíbula. “Dor no pescoço, ombro, nuca e costas são sintomas menos comuns, mas que podem aparecer, assim como inchaço na face, vertigem e desvios da mandíbula.”
Quais são os tratamentos indicados para quem tem DTM?
De acordo com a cirurgiã-dentista, normalmente os tratamentos envolvem exercícios terapêuticos, aplicação de compressas frias ou quentes, uso de anti-inflamatórios e, dependendo da situação, pode ser necessário realizar procedimentos um pouco mais invasivos como agulhamentos ou infiltrações nos músculos ou antrocentese (“lavagem” da ATM”). Mas vale lembrar que existem vários subtipos de DTM, e em cada caso será investigada a causa da disfunção para, posteriormente, ser indicado o tratamento mais apropriado.
Que riscos o paciente pode correr se não procurar o tratamento adequado?
Ignorar os sinais nunca é uma boa ideia. Afinal, o tratamento indicado pelo especialista é o que vai ajudar a resolver o problema da melhor forma. Até mesmo porque, quando se deixa o tratamento de lado, pode-se desenvolver dores crônicas e, em alguns casos mais graves, o paciente pode não conseguir fechar a boca, fazendo com que seja necessário atendimento de emergência para recolocar a mandíbula no lugar, segundo Yara.
Este artigo tem a contribuição da especialista:
Yara Moura Brasil – Cirurgiã-dentista especialista em estética e harmonização
orofacial; Membro da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais na Odontologia (SBTI).
Rio de Janeiro – RJ
CRO-RJ 36646