Inflamação na garganta, inchaço, dor ao engolir e mau hálito podem sinalizar a presença dos cáseos amigdalianos (também chamados de caseum) – bolinhas que acometem as amígdalas, causando bastante desconforto. Embora esse tipo de inflamação seja relativamente simples de tratar, é importante que o paciente siga todas as orientações do dentista e também redobre os cuidados com a higiene bucal.

Para saber mais sobre o assunto, o Sorrisologia conversou com a cirurgiã-dentista Uila Ramos, que falou sobre o que são os cáseos amigdalianos, suas causas, sintomas e, principalmente, como tratá-los da forma correta, prevenindo problemas bucais mais graves. Dá uma conferida!

O que são os cáseos amigdalianos?

De acordo com a cirurgiã-dentista, os cáseos se manifestam em forma de pequenas feridas que ficam bem visíveis no fundo da garganta, demandando o diagnóstico de um especialista para o devido tratamento. “São lesões em forma de pequenas massas amareladas, com consistência viscosa e odor fétido que se desenvolvem nas amígdalas. Eles ocorrem geralmente quando o paciente apresenta redução do fluxo salivar, descamações teciduais acima do limite fisiológico ou até a combinação desses dois fatores. Essa situação provoca desconforto e constrangimento ao paciente, visto que, além da halitose, ao tossir, espirrar ou falar, o paciente pode expelir esses cáseos”, explica. 

Sintomas de cáseo amigdaliano: é verdade que o problema gera mau hálito? 

A presença dos cáseos, como destaca a especialista, realmente provoca quadros de halitose, o que ocorre principalmente por conta da ação de microrganismos. “Os cáseos se desenvolvem a partir da descamação de células epiteliais da mucosa oral, proteínas presentes na saliva e restos alimentares protéicos que são metabolizados por bactérias anaeróbias proteolíticas. Do produto desse metabolismo anaeróbico bacteriano surgem os compostos sulfurados voláteis, que são os gases responsáveis pelo mau hálito”, esclarece a profissional. 

A dentista destaca, ainda, outros sintomas de cáseos amigdalianos que merecem atenção: “O paciente pode relatar irritação na garganta, desconforto, percepção da presença de corpo estranho na boca, baixa autoestima (devido à vergonha ao falar), hiperemia e hipertrofia das tonsilas palatinas (amígdalas)”, complementa.   

O que causa os cáseos amigdalianos?

De acordo com a Dra. Ramos, é possível identificar três fatores etiológicos ligados ao surgimento dos cáseos amigdalianos. Eles podem ocorrer simultaneamente, o que demanda uma linha de tratamento mais intensiva, e geralmente tendem a se intensificar quando o paciente não mantém uma boa rotina de higiene bucal. Confira abaixo quais são esses fatores:

1. A redução do fluxo salivar, cuja causa deve ser investigada; 
2. A descamação epitelial da mucosa oral acima do limite fisiológico;
3. A presença de bactérias anaeróbicas onde existe umidade, substrato (fonte de nutrição) e uma área anatômica propícia para a sua atividade (nas invaginações da amígdala). Esses fatores favorecem o metabolismo das bactérias e a consequente halitose oriunda da eliminação de gases voláteis derivados do enxofre. 

Como tirar caseum da garganta e tratar o problema corretamente

Recorrer à ajuda de um dentista é o primeiro passo para tratar os cáseos. De acordo com a especialista, após o devido diagnóstico, existem basicamente duas linhas de tratamento que podem ser seguidas: “A primeira abordagem, mais conservadora, consiste na prescrição de antibióticos e anti-inflamatórios para combater a infecção/inflamação e também de enxaguantes bucais para melhorar a condição do paciente. Em caso de insucesso, indica-se a excisão cirúrgica da glândula amígdala”, explica. 

Para evitar a remoção das amígdalas, de acordo com a Dra. Ramos, existe ainda uma outra opção de tratamento. No entanto, ela é pouco utilizada por ser menos prática que as demais. “Há também uma alternativa de tratamento que considera a tonsilectomia parcial. Ou seja, a glândula é parcialmente removida. Nesse caso, a cirurgia é realizada com laser e não é apenas um ato cirúrgico, podendo se repetir algumas vezes. No entanto, isso tem um custo alto para a realidade do Brasil, de modo que as outras duas opções (medicamentos e excisão cirúrgica) são geralmente as mais indicadas”, esclarece a profissional.

Cuidados de higiene bucal são importantes durante o tratamento do caseum

Além de tomar os medicamentos prescritos pelo dentista, o paciente precisa tomar uma série de cuidados com a higiene bucal, sabia? Isso porque o acúmulo de placa bacteriana na garganta (causada principalmente pela falta de escovação) pode resultar numa piora do quadro de caseum, dificultando o tratamento como um todo. A especialista destaca os principais pontos que devem ser seguidos nesse quesito:

“O paciente pode e deve manter a higiene bucal (uso do fio dental e escovação) adequada para evitar o acúmulo de placa bacteriana. O uso do enxaguante também se dá com a prescrição do cirurgião-dentista, de preferência sem álcool, para evitar a irritação tecidual”, finaliza.