Você já parou para pensar em como a cárie se desenvolve e por que ela causa incômodo? O acúmulo de bactérias nos dentes, o consumo excessivo de açúcar e a falta de higiene bucal costumam ser determinantes para o processo de formação da cárie. Para entender melhor, o Sorrisologia conversou com a cirurgiã-dentista Uila Ramos, que falou mais sobre a ação das bactérias nos dentes e como preservar a saúde bucal da melhor forma possível. É só continuar lendo!
Afinal, como a cárie se desenvolve?
De acordo com a cirurgiã-dentista Uila Ramos, é possível explicar o surgimento das cáries a partir de três pontos principais. “A cárie se desenvolve devido a um desequilíbrio na relação desmineralização/remineralização dentária provocado pelas interações entre os fatores: alimentação cariogênica (rica em carboidratos); ação bacteriana de fermentação dos substratos de carboidratos presentes na boca (especialmente a sacarose) e higiene bucal inadequada”, explica.
Geralmente, a cárie surge por conta da ação das bactérias do tipo Streptococcus mutans, que se agrupam, formando placas. Elas se alimentam do açúcar que fica na boca e, neste processo, produzem um ácido que corrói o esmalte (camada mais superficial do dente), gerando um furinho. A partir daí, de acordo com a especialista, a cárie pode se espalhar pelas camadas mais profundas do dente, o que resulta em um quadro inflamatório mais doloroso. “A cárie inicialmente surge como uma lesão de mancha branca na superfície do esmalte dental (dissolução do esmalte), podendo permanecer ativa ou inativa se for tratada precocemente. Pode evoluir atingindo a dentina (quando ocorre a cavitação do dente) e, em último estágio, a polpa dentária”, complementa a Dra. Ramos.
Caso a cárie atinja a polpa do dente (parte composta por células, vasos e nervos) e comprometa a raiz, costuma-se recomendar o tratamento de canal, que serve justamente para remover essa polpa infeccionada. Para não deixar chegar nesse nível, é muito importante estar com a higiene bucal em dia e agir o quanto antes diante de algum incômodo.
Quanto tempo leva a formação da cárie?
É possível que a cárie se desenvolva em um período de semanas e até vários meses, expandindo-se para as camadas mais internas do dente. No entanto, de acordo com a cirurgiã-dentista, nem sempre é possível identificar a cárie em seu início de formação, pois é necessário prestar atenção em alguns sintomas. “A percepção do paciente é um pouco mais tardia devido à falta de conhecimento sobre o seu estado de saúde bucal, podendo suspeitar da presença de cárie ao sentir sensibilidade quando come alimentos doces, toma água gelada ou bebidas ácidas, porque neste ponto a cárie já atingiu a dentina (existe cavitação)”, destaca a profissional.
Como prevenir o surgimento da cárie no dente
Evitar o acúmulo de bactérias na boca e, consequentemente, o surgimento de cáries, é muito mais simples do que parece, sabia? De acordo com a Dra. Ramos, seguindo alguns cuidados básicos diários, é possível prevenir o acúmulo de tártaro, de diferentes bactérias e impedir inflamações na gengiva. Confira as recomendações da especialista:
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Consulte o dentista periodicamente
Consultar o dentista a cada 6 meses é uma dica muito importante para a saúde bucal. De acordo com a Dra. Ramos, isso permite que a cárie seja descoberta mais no início, evitando tratamentos mais invasivos, como o de canal. “Quando o paciente adota uma frequência regular às consultas para a prevenção em saúde bucal, é possível reconhecer os fatores de risco que ele apresenta para o desenvolvimento da cárie e orientá-lo para a sua melhoria de hábitos. A detecção de cárie nos estágios iniciais simplifica o tratamento e reduz o desgaste da estrutura dentária para tratar o dente”, explica.
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Tome cuidados com a alimentação
Você sabia que planejar bem a alimentação diária também influencia na saúde bucal? A especialista explica como bons hábitos alimentares ajudam a prevenir as cáries no longo prazo: “É importante manter uma dieta equilibrada, constituída por fibras, proteínas, alimentos protetores dos dentes (ricos em cálcio, flúor, fosfato) e com moderação no consumo de carboidratos. Além disso, a ingestão abundante de água estimula a salivação, responsável por manter o pH bucal neutro. A saliva também participa da autolimpeza dos dentes ao participar do início da digestão ainda na boca. Na situação inversa, em que a baixa salivação acidifica o pH bucal, há o aumento na formação de biofilme (placa bacteriana), que se adere aos dentes e com uma maior diversidade de espécies bacterianas”, orienta a profissional.
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Tenha uma boa higiene bucal, com uso de fio dental e escovação
Quando se trata de eliminar placas bacterianas da boca, não tem como abrir mão de uma boa higienização – preferencialmente, com o uso de uma escova macia e um creme dental com flúor, que ajuda justamente a prevenir as cáries. A dentista destaca que essa é uma das medidas mais importantes para evitar qualquer problema nos dentes. “Manter uma rotina de higiene bucal adequada após as refeições é fundamental para reduzir os riscos de desenvolver a cárie. O uso do fio dental limpa locais que a escova não alcança (entre os dentes). Em seguida, a escovação consegue remover os restos alimentares e, com a ação química, remineraliza o esmalte dental”, finaliza a especialista.