As cáries são um problema bucal de que ouvimos falar desde crianças, quando nossos pais alertavam para “não comer muito doce porque pode dar cárie”. E não é para menos: essas monstrinhas, quando se instalam na cavidade oral, podem causar verdadeiros estragos nos dentes. Mas será que já te explicaram como elas são formadas, quais os seus sintomas e as consequências de ter uma cárie na boca? Você sabe de que alimentos deve ficar longe, ou já ouviu falar na cárie oculta, por exemplo? Descubra tudo que você precisa saber sobre esse problema bucal.
1. O que é a cárie?
A cárie é uma deterioração da estrutura dentária que acontece quando as bactérias presentes na boca começam a se desenvolver. Conforme o tempo vai passando e essas bactérias vão evoluindo, as camadas do dente são atingidas pouco a pouco, o que pode trazer graves consequências para a saúde bucal do paciente.
1.1 Como surge a cárie?
Uma coisa é certa: a nossa cavidade bucal está sempre cheia de bactérias. Mas isso não é sinônimo de problema, pois essa é uma situação bastante normal. O problema, na verdade, está quando essas bactérias começam a se desenvolver e atingem o elemento dental, aderindo-se a ele através da famosa placa bacteriana. Esta, por sua vez, pode dar início a várias patologias bucais como o tártaro, a gengivite e… as tão temidas cáries!
De acordo com o periodontista Clébio Ferreira Jr., a cárie é uma doença comportamental. Isto é, ela surge a partir de alguns hábitos de cada um, como a alimentação e os cuidados com a higiene bucal. “Ao nos alimentarmos, as bactérias presentes em nossa boca consomem o açúcar do alimento e o transforma em ácido. Estes ácidos desmineralizam o dente de forma progressiva, podendo no início aparecer uma mancha branca no dente. Se este processo não for interrompido, a mancha branca pode evoluir para uma cavidade no dente, que seria a cárie propriamente dita”, esclarece.
1.2 Conhecendo os principais sintomas da cárie
O primeiro sinal de que você pode estar com uma cárie é a formação de manchinhas brancas e opacas na superfície do dente. Se o paciente conseguir identificá-la rapidamente e procurar um dentista a tempo para o tratamento, essa marca deixa de ser fosca e se torna mais brilhosa. No entanto, se isso não acontecer e a cárie evoluir, o próximo efeito será a formação de cavidades, que podem ser observados através de pequenas bolinhas marrons que ficam na superfície dentária. Isso acontece porque as cáries passam a perfurar o esmalte dentário, que é a camada mais externa do dente, e depois a dentina – e é aí que o sintomas começam a ser mais sentidos pelo paciente. De acordo com a endodontista Sofia Cabaleiro, a partir do momento em que a cárie evolui para esse pequeno buraco, outros incômodos podem ser notados como sensibilidade, dor e desconforto devido a retenção de alimento no local.
1.3 A cárie pode trazer sérias consequências
Se a cárie chegar a invadir a dentina é preciso ficar atento, pois o caso começa a ficar mais sério e doloroso. Isso porque a dentina é a segunda camada do dente que serve de proteção para a polpa, uma estrutura fundamental e altamente inervada. “A dor é seu dente pedindo socorro para essa infecção não chegar à polpa e ao osso. Se a cárie não for tratada, além da possibilidade de dor, ela vai evoluindo para a inflamação, a morte da polpa e, no pior dos casos, os abcessos (onde as bactérias podem chegar à circulação e causar problemas no organismo)”, conta a cirurgiã-dentista Thalita Costa. Fora isso, além do comprometimento da saúde e estética do dente, a cárie também pode provocar dificuldade de mastigação e problemas na fala, principalmente devido ao incômodo e a dor causados.
1.4 Prevenção é o melhor remédio contra a cárie
Cuidar do seu sorriso é muito mais fácil do que você pensa: é só ficar de olho na sua saúde bucal. Afinal, prevenção é a melhor maneira de não deixar que sua boca não seja prejudicada por problemas como a cárie, não é mesmo? Confira alguns hábitos que podem te ajudar nessa caminhada:
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Mantenha uma boa higiene bucal: Escovar os dentes após as principais refeições é um hábito que não deve ser esquecido. O fio dental, inclusive, é uma ferramenta essencial para eliminar as sujeirinhas que costumam ficar presas entre os dentes e sempre deve fazer parte do seu kit de higiene, hein?
- Diminua o consumo de alimentos açucarados: Claro que você não precisa cortá-los totalmente, mas evitar o excesso é fundamental. “O açúcar refinado é o mais cariogênico, seguido pela frutose (açúcar presente nas frutas) e glicose (encontrada principalmente em pães e massas). O amido (formado por glicose e maltose) é menos cariogênico que as demais”, explica a periodontista Elis Regina. Portanto fique atento, pois quanto maior for a ingestão de açúcar pelo paciente, maior será o risco de cárie.
- Beba bastante água: Além de hidratar, a água também ajuda a equilibrar o pH e estimular a produção de saliva, o que ajuda a diminuir a acidez bucal e, consequentemente, previne a região contra o aparecimento de cáries. A boca seca pode ser um problema e, por isso, é necessário consumir, em média, dois litros de água por dia.
- Consulte seu dentista a cada 6 meses: Os cuidados diários são muito importantes, mas tirar um dia para visitar seu dentista também é fundamental. O profissional, além de fazer uma limpeza mais profunda na sua boca, também poderá identificar se houver algo de errado e indicar, então, o melhor tratamento.
- Invista em alimentos “detergentes”: “A maçã tem o poder de limpar a cavidade oral”, comenta a periodontista Elis Regina.
2. Restauração dentária é um dos tratamentos contra a cárie
Você provavelmente já deve ter ouvido falar nesse procedimento, mas nunca entendeu muito bem para que ele serve. De uma maneira geral, a restauração é a solução indicada principalmente em casos onde o elemento dental sofreu alguma fratura, comprometendo a sua função. “A restauração dentária é um procedimento que visa reconstruir o dente que sofreu algum dano, seja por cárie ou fratura, devolvendo assim as características do mesmo”, explica o cirurgião- dentista Rodrigo Alvarenga. Então se a saúde do seu dente for prejudicada, uma das formas de restabelecer tanto a forma quanto a sua função é através da restauração.
2.1 Entenda como o procedimento é realizado
De acordo com a especialista em endodontia e dentística Paula Soldani, o primeiro passo é remover toda lesão de cárie para que depois possa se limpar a área atingida. Após isso, o local está pronto para ser preenchido com um dos materiais restauradores, que pode ser amálgama ou resina composta. Para finalizar, são fechados os espaços em que as bactérias podem se alocar e provocar algum tipo de infiltração. “A restauração também ajuda a prevenir uma deterioração posterior”, comenta a profissional Kalina Diniz.
2.2 Resina composta x amálgama
Apesar de ser uma opção que prejudica a parte estética por ter uma cor prata, o amálgama apresenta custo relativamente baixo, alta resistência mastigatória e ao desgaste, além de maior durabilidade, segundo o dentista Johnathan Marcondes. No entanto, a opção mais adotada pelos pacientes é a resina composta, que não compromete a estética do dente e possuem adesividade. “A estrutura do dente poderá ser mais preservada, além de não apresentar mercúrio. Além disso, a restauração pode ser concluída em uma única sessão”, explica o profissional.
3. Tratamento de canal é indicado para casos mais graves
Um dos procedimentos mais temidos pelos pacientes é o tratamento de canal: muitos dizem que dói, é caro, entre outras coisas. No entanto, é importante destacar que ele é extremamente necessários em alguns casos e pode ajudar bastante a saúde bucal do paciente. “A finalidade do tratamento é a manutenção de um dente que foi danificado em sua estrutura, por cáries na maioria dos casos, ou por traumas”, indica a especialista Sofia Cabaleiro. Que tal conhecer um pouco mais sobre essa técnica?
3.1 De que forma o tratamento de canal elimina a cárie?
O tratamento endodôntico, também conhecido como tratamento de de canal vai, basicamente, remover o tecido inflamado ou infeccionado que envolve a polpa do dente, tecido encontrando na parte interna do osso. “A polpa danificada é removida e o espaço resultante deve ser limpo, preparado e preenchido”, conta André Alvim. Dessa forma, a infecção passa a ser controlada.
3.2 Entenda como é feito o tratamento de canal
Entender exatamente como o procedimento é realizado pode ajudar o paciente a superar o medo e encarar esse processo, por isso a profissional Sofia Cabaleiro explica direitinho como ele funciona: “O primeiro passo é a remoção do tecido cariado e a localização do espaço pulpar. Em seguida a polpa danificada é removida. Dessa forma, os canais presentes nas raízes são esvaziados, alargados e limpos. A etapa final é a obturação do canal, que é feita com um material próprio para selar o espaço aberto anteriormente”.
4. Cárie oculta também pode ser um problema
Se você nunca ouviu falar na cárie oculta, a dentista Fabíola Chaves te explica o que é: “O termo cárie oculta vem sendo utilizado para descrever lesões de cárie na dentina sob superfície do esmalte dental, que aparentemente está saudável, porém desmineralizado por dentro”. Ou seja, esse tipo de cárie se desenvolve internamente e não é visível a olho nu, pois por fora o dente não possui fortes indícios de que há uma monstrinha se instalando ali. Entretanto, um profissional é capaz de identificar o problema através do exame de raio-x: “Muitas vezes a cárie oculta não é diagnosticada no exame clínico de rotina, só através de radiografia interproximal”.
5. Cárie de mamadeira pode afetar os bebês
Ao contrário do que se pensa, a cárie não afeta somente as crianças e os adultos: ela pode se tornar um problema também para a saúde bucal do seu bebê. Conhecida como cárie de mamadeira, esse transtorno pode acontecer devido ao contato dos dentes de leite do pequeno com líquidos açucarados, como suquinhos e achocolatados. “”Para os bebês que já possuem dentes, ocorre principalmente devido a ingestão de açúcares na dieta, especialmente a sacarose com alta freqüência e de consistência pegajosa”, alerta a odontopediatra Letícia Vieira. Por isso, quando os primeiros dentinhos começam a surgir na boca do pequeno, o ideal é que que seja feita uma higiene adequada no local e haja sempre o acompanhamento de um odontopediatra para verificar a saúde bucal do bebê.
6. Oito alimentos que devem ser evitados
É quase impossível encontrar alguém que não goste de doces. Você pode até não ser um fã de chocolate, mas provavelmente curte alguma outra guloseima, seja uma jujuba ou churros. Pois é, depois de uma refeição ou quando bate aquela vontade, não dá para resistir um açúcar na boca. Mas é preciso tomar bastante cuidado com essa doçura toda. Muito além de inimigo da dieta, o excesso destes alimentos não combina com a saúde do seu sorriso. Além disso, podem causar sérias doenças periodontais e diabetes.
- Chicletes e balas: O gostinho pode até ser bom e o consumo eventual não é algo que oferece tantos riscos, mas é preciso ter cuidado com esses doces. A tendência é que restinhos de açúcar se acumulem entre os dentes, o que é um verdadeiro convite para que as monstrinhas se instalem.
- Pipoca caramelada: Além do açúcar da própria pipoca junto ao leite condensado jogado por cima que causam um ambiente muito propício para as cáries, esse tipo de pipoca ainda apresenta outro risco: as casquinhas que agarram entre os dentes. O acúmulo de sujeiras na região pode ser uma porta para diversos problemas bucais, se não for higienizado corretamente.
- Chocolate: Ele é o queridinho de muita gente e é praticamente impossível resistir a essa maravilha. Porém, apesar de muito gostoso, o consumo exagerado de chocolate pode provocar alguns problemas bucais, como a cárie e até mesmo o amarelamento dos dentes, devido a quantidade de açúcar presente. A melhor opção são os chocolates mais amargos, sendo recomendado 30 gramas por dia.
- Pé de moleque: Típico de festa junina, esse docinho é uma delícia, mas deve ser consumido com moderação. Além de ser um pouco mais duro, o pé de moleque pode deixar vários pedacinhos de caramelo e amendoim espalhados pela sua boca. Por isso, cuidado!
- Jujubas: Pequenas e gostosas, mas perigosas. Com um alto teor de açúcar e elementos cítricos na sua composição, as jujubas não são tão inofensivas quanto parecem e podem causar vários problemas bucais, como as cáries e as doenças periodontais.
- Churros: Salpicado com açúcar, esse quitute agrada muita gente. Mas vale lembrar que, além de ser praticamente puro açúcar, o churros recheado representa ainda mais riscos para o seu sorriso.
- Molhos para salada: Botar um molhinho na salada para deixá-la mais gostosa é bastante tentador, né? Mas saiba que esses molhos, principalmente o agridoce, barbecue e com frutas, são compostos por frutose, podendo prejudicar a saúde dos seus dentes.
- Itens de padaria: Para alguns, padaria é sinônimo de felicidade. São tantas guloseimas que aparecem pela frente, ideais para um lanchinho, que não paramos para pensar na quantidade de açúcar que tem ali. Você sabia que uma unidade de pão francês é equivalente a duas colheres e meia de sopa de açúcar?
7. Chiclete sem açúcar não prejudica a saúde bucal
Por mais que a goma de chiclete comum possa trazer riscos ao seu sorriso, existe uma opção que pode facilmente substituí-la, e ainda traz benefícios para a saúde bucal: o chiclete sem açúcar. “Mas de que forma ele pode ser benéfico?”, você deve estar se perguntando. O ortodontista Mário Ito esclarece: “Ao mascar o chiclete, as glândulas salivares são estimuladas a produzir mais saliva, que ajuda na limpeza dos restinhos de alimentos nos dentes, além de diluir os ácidos que são produzidos pelas bactérias presentes na boca”. No entanto, vale destacar que o chiclete precisa necessariamente ser a versão sem açúcar, pois com uma substância chamada xilitol as bactérias não conseguem realizar o processo de fermentação, o que impede o desenvolvimento das cáries.
Atualizado em 31/03/2022.