Quando falamos de genética, imediatamente pensamos nas características de uma pessoa: cor dos olhos, cabelos e até mesmo a altura. Mas, muito além disso, a influência da família também pode ser presente no aparecimento de algumas doenças e problemas bucais. Úlceras bucais, por exemplo, podem aparecer por causas hereditárias e como sintomas de alguma outra complicação. Algumas lesões bucais, no entanto, podem não estar tão relacionadas assim com genética. A afta recorrente é uma delas. Para entender melhor, chamamos a especialista em patologia bucal Liana França!
Aftas recorrentes não têm uma causa definida
Consideradas um dos maiores mistérios da odontologia, as aftas recorrentes são pequenas feridas que surgem nas mucosas da boca. Elas demoram cerca de 15 dias para cicatrizar totalmente e podem aparecer nas gengivas, lábios, bochechas e também na língua. A curiosidade está no fato de que podem surgir sem que nenhum fator a provoque. “Muitos são os fatores desencadeantes como alimentos ácidos, estresse e trauma, mas não existe uma causa definida”, explica Liana.
A genética pode ter ligação com algumas úlceras bucais
Na verdade, existem algumas doenças genéticas que podem causar úlceras bucais. É o caso da diabetes tipo 2. Além de experimentarem também gengivites e halitoses, os pacientes portadores da doença costumam apresentar úlceras na boca. O mesmo acontece para aqueles que têm anemia falciforme. A doença pode se manifestar pela língua, tornando-a mais lisa do que o comum. Um último caso em que as feridas também são comuns é ligado ao câncer bucal. O aparecimento da doença genética é marcado por pequenas verrugas e aftas. Mas, apesar disso, a especialista comenta que as aftas recorrentes por si só não são ligadas à genética.
O que fazer para que as aftas recorrentes acabem?
Aparentemente inocentes à primeira vista, as aftas podem causar dores e incômodos na hora de mastigar e falar. Não há nenhum tratamento que as elimine instantaneamente, o que pode ser feito é amenizar o desconforto e agilizar o reparo do tecido, onde a ferida se localiza. Existem alguns medicamentos e também pomadas que têm essa função. “Podem ser utilizar corticoides tópicos, anestésicos e o laser de baixa potência”, comenta.
Há também um cuidado muito grande em relação a esses machucados. Com a ferida na mucosa, a sensibilidade da área aumenta. O organismo se concentra em reparar aquele dano e, assim, abre a possibilidade para que outros problemas apareçam. “A higienização bucal é de fundamental importância para evitar infecções no local da afta”, finaliza.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Liana França Araújo – Estomatologista e Mestre em Patologia Bucal
Niterói – RJ
CRO-RJ: 19174