A endocardite é uma doença inflamatória que pode atingir as estruturas internas do coração. Embora seja pouco conhecido entre os pacientes, o quadro é originado pela má higiene bucal e pode afetar significativamente a qualidade de vida do paciente, trazendo danos irreversíveis para o sistema cardiovascular.
Podendo surgir de forma repentina ou lentamente, a endocardite bacteriana costuma se manifestar através de dores nos músculos, febre e tosse persistente. Por isso, é importante ficar atento a esse e outros sintomas da doença para buscar ajuda o quanto antes. Confira, a seguir, todas as principais informações sobre a endocardite, de acordo com especialistas.
O que é endocardite?
De maneira geral, a endocardite bacteriana é caracterizada pela inflamação do endocárdio – que é a estrutura interna do coração – causada por um quadro de infecção bacteriana. “O quadro pode ser desenvolvido quando bactérias da boca entram na corrente sanguínea e se alojam no coração”, explica a dentista Liana Araújo. Normalmente, a principal causa dessa contaminação está relacionada a ausência ou ineficiência da higiene bucal.
Ainda assim, existem outros fatores que podem servir de porta de entrada para a endocardite. “A patologia pode ser contraída através do uso de agulhas nos usuários de drogas injetáveis ou até mesmo decorrentes de tratamentos odontológicos cruentos, ou seja, quando há a presença de sangramento na hora do procedimento”, explica a cirurgiã-dentista Luciane Castro. Quando não tratada, a endocardite bacteriana pode resultar em um internação hospitalar, e em casos mais graves, até mesmo à óbito.
Endocardite bacteriana: entenda os tipos da doença
Muito se fala sobre a origem da endocardite bacteriana, mas poucos sabem que a patologia pode ser classificada de duas formas: aguda ou subaguda. Na primeira, a inflamação surge de maneira súbita, podendo evoluir rapidamente e afetar outras partes do corpo, como os pulmões, o fígado e até mesmo o cérebro. Na maioria dos casos, a endocardite aguda está associada a bactérias contidas em agulhas e seringas contaminadas. Já a endocardite bacteriana subaguda, é uma classificação mais leve da doença. Nesse caso, os sintomas tendem a surgir de forma gradual e, às vezes, persistir por mais de um ano.
Os fatores de risco para endocardite bacteriana
Assim como outras doenças, a endocardite costuma acometer pessoas que já estejam em fatores de risco. “Problemas nas válvulas cardíacas, defeitos congênitos no coração ou outros problemas cardíacos são alguns deles”, revela a endodontista Sofia Cabaleiro.
Outro cuidado que pode influenciar diretamente no desenvolvimento da endocardite é a rotina de higiene bucal. Isso porque a má escovação dos dentes pode favorecer o acúmulo de placa bacteriana e o surgimento de doenças bucais, como a gengivite, que facilitam a proliferação de bactérias na região. Dessa forma, o mau hábito pode servir como porta de entrada para a presença desses microrganismos na corrente sanguínea, o que pode resultar na endocardite bacteriana.
Dor nos músculos e febre não são os únicos sintomas da endocardite
Por se tratar de uma doença que pode surgir de duas maneiras diferentes, a endocardite bacteriana pode apresentar diversos sintomas, desde os mais brandos aos mais severos. Nesse caso, tudo vai depender da infecção originária da doença e do histórico médico do paciente. Mas, de maneira geral, os sintomas da endocardite são:
– Aumento do baço;
– Cansaço excessivo;
– Dor nos músculos e articulações;
– Fadiga;
– Febre;
– Hemorragia na retina e nos olhos;
– Manchas roxas e vermelhas na pele;
– Perda de peso não-intencional;
– Sangue e outras alterações na urina;
– Sudorese noturna;
– Tosse persistente.
As consequências da endocardite para saúde
Embora seja uma doença com origem na cavidade oral, a endocardite pode trazer uma série de prejuízos para a saúde geral do paciente. Acontece que, o alcance das bactérias na corrente sanguínea pode favorecer o surgimento de outros problemas, como infarto, infecção nos rins e insuficiência cardíaca. Quando não diagnosticada e tratada precocemente, a endocardite pode resultar na destruição da válvula cardíaca, o que pode levar ao óbito do paciente. Além disso, a patologia também pode acarretar outros problemas de saúde, como embolia pulmonar, isquemia de membros, AVC e infarto renal.
Como tratar a endocardite?
Por se tratar de uma doença que pode atingir diferentes partes do organismo, a endocardite exige um tratamento multidisciplinar. Geralmente, o paciente deve recorrer ao acompanhamento de dois profissionais: o dentista e o cardiologista – já que a doença se origina na cavidade bucal e avança para o coração. Enquanto o cardiologista é responsável por analisar o caso e prescrever as medicações adequadas, o dentista deve descobrir o agente causador da doença para garantir o tratamento bucal ideal.
O tratamento para endocardite é feito, principalmente, através da administração de antibióticos, podendo a cirurgia ser necessária. “Quando temos casos mais graves, onde ocorre a destruição da válvula cardíaca pela infecção, uma cirurgia de troca valvar é necessária com a implantação de uma válvula artificial”, comenta Luciane.
Os cuidados necessários para prevenir a endocardite
Diferente de outras doenças, a endocardite é um quadro grave e raro que pode ser prevenido. Os cuidados com a higiene bucal, por exemplo, podem fazer toda a diferença nesse processo. Isso porque, na maioria das vezes, as contaminações estão relacionadas a procedimentos dentários que envolvem sangue ou até mesmo a proliferação de bactérias causadas pela ausência de escovação.
“O paciente deve possuir uma higienização bucal adequada, com o uso de bochechos específicos em procedimentos cirúrgicos e, em alguns casos, uso de antibiótico profilático antes do procedimento dentário”, recomenda Liana. Além disso, é importante que o paciente mantenha visitas regulares ao dentista para um check-up odontológico.