Aquele cheirinho ruim na boca provocado pelo mau hálito é um verdadeiro incômodo, tanto para quem possui quanto para quem convive com a pessoa. Apesar de a saburra lingual ser considerada a maior responsável pelos casos de halitose, há outros fatores que também podem contribuir para o seu surgimento, e a síndrome de Sjögren é um deles. Se você nunca ouviu falar sobre a doença, saiba tudo que você precisa saber sobre a relação dela com a sua saúde bucal com a ajuda do estomatologista e patologista bucal Daniel Cohen.
O que são doenças autoimunes?
Esse tipo de doença é definido como autoimune porque o organismo acaba desencadeando um processo inflamatório contra componentes normais dele mesmo. “Alguns exemplos que podemos citar são o diabetes tipo 1, onde observamos uma produção de anticorpos contra nossas próprias células do pâncreas que produzem insulina, levando a sua destruição e ao aparecimento da doença. Além dela, também há a tireoidite de Hashimoto e a síndrome de Sjögren ”, exemplifica o especialista. De acordo com ele, a síndrome de Sjögren é uma doença inflamatória crônica que pode afetar múltiplos órgãos ou tecidos do organismo, notadamente as glândulas exócrinas, que tem seu parênquima (células funcionais) destruído e substituído por focos de células inflamatórias crônicas. Apesar de a causa do problema ainda ser desconhecida, essa síndrome pode afetar os pulmões, fígado, tireóide, linfonodos, células do sangue e o sistema nervoso central.
Síndrome de Sjögren pode afetar a saúde bucal
Como a síndrome de Sjögren envolve as glândulas exócrinas, as glândulas salivres e lacrimais e salivares também são afetadas. “Os pacientes apresentam sensação de boca seca (xerostomia) e secura ocular (xeroftalmia)”, indica. Por isso, a diminuição do fluxo salivar gerado pela doença pode desencadear um quadro de mau hálito no paciente, principalmente se não houver o acompanhamento de um estomatologista. Mas além da halitose, outra questão que pode ser afetada é a alimentação. Dessa forma, ao notar qualquer anomalia na cavidade oral, é importante que o paciente procure um dentista especialista em estomatologia. “O tratamento do ponto de vista estomatológico visa justamente melhorar estas condições de hidratação da cavidade bucal, com a utilização de medicações para repor a saliva que não é produzida, flúor tópico para evitar o maior risco de doença cárie além acompanhamento rigoroso de consumo de água por parte do paciente”, finaliza o profissional.
Como reconhecer os efeitos dessa doença?
O principal componente que irá ajudar a identificar a doença é o dentista, a partir de uma a avaliação microscópica de glândulas salivares de lábio inferior (obtidas de região sem lesão sobreposta aparente) e a avaliação do fluxo salivar extremamente reduzido, que são dois dos quatro critérios objetivos para que a determinação da síndrome de Sjögren primária. Já os outros dois são sinais oculares e uma avaliação sorológica após exame de sangue (detecção de anticorpos específicos que caracterizem a doença), segundo Daniel. “Este laudo histopatológico que é a avaliação microscópica geralmente é realizado por um patologista bucal (dentista especialista) e a remoção das glândulas salivares geralmente por um dentista especializado em estomatologia”, explica. São estes especialistas, em especial o estomatologista, que são os responsáveis por acompanhar quadro do paciente e minimizar os efeitos dessa doença para a sua saúde bucal.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Daniel Cohen Goldemberg – PhD. Estomatologia e Patologia Bucal
Rio de Janeiro – RJ
CRO-RJ: 29267