Existem pessoas que só de ouvirem falar em dentista já suam frio. O barulho do motorzinho e as ferramentas usadas pelo profissional são quase uma cena de filme de terror e causam pânico em muita gente. Se você pensar numa cirurgia de dente anos atrás pode até ter motivo pra se espantar, mas graças a dois homens essa realidade ficou lá no passado.
Horace Wells e William Thomas Green Morton são dois dentistas americanos do século XIX que talvez você nunca tenha ouvido falar, mas, certamente, tem muito que agradecê-los. A dupla foi pioneira na descoberta do uso da anestesia em procedimentos cirúrgicos que revolucionou as cirurgias dentárias.
Métodos para aliviar a dor
Imagine como seria ter que extrair um siso cerca de 200 anos atrás. Imaginou? Talvez você prefira nem imaginar. Qualquer cirurgia na época, de fato, era motivo de dor – muita dor – simplesmente porque não havia método anestésico conhecido e eficiente o bastante para realizar essa intervenção. Se para um paciente eram momentos de desespero, para o dentista era um desafio. Além de exigir rapidez para que o procedimento fosse realizado em menos tempo possível, também era necessário muita força para conter aqueles que se debatiam e gritavam. Há relatos históricos que alguns pacientes precisavam ser amarrados na cadeira. É ou não é um filme de terror? De hipnotismo a pancada na cabeça, os métodos utilizados para suprimir a dor eram ao mais variados e curiosos, mas ainda bem que essa situação mudou.
O efeito “hilariante”
Horace Wells estava numa sessão de circo e viu um dos participantes ser entretido com gás óxido nitroso e, mesmo tendo sofrido ferimentos na perna, não sentiu a mínima dor. O gás ficou popularmente conhecido como gás hilariante, pois sua inalação provoca efeitos anestésicos, causando estado de euforia e contrações dos músculos da face que provocam uma expressão risonha. Então, o dentista percebeu a importância do que estava diante de seus olhos e decidiu fazer um experimento.
Na manhã seguinte, Wells inalou o gás até perder os sentidos pedindo a um colega que extraísse um dente siso que tanto o incomodava. Resultado: A extração não doeu nada. O efeito do gás não só o deixou imune à dor, mas causou-lhe uma sensação de euforia e bem-estar. O dentista foi, então, o primeiro paciente a experimentar um procedimento cirúrgico indolor. Com o sucesso da descoberta, ele passou a usar o gás em seus pacientes e não demorou em ter a porta de seu consultório com filas imensas de pessoas em busca dos seus serviços. Apesar da revolução que causou na odontologia, Horace não quis patentear sua descoberta e declarou que “livrar-se da dor deveria ser tão gratuita como o ar”. Poético, não?
A primeira extração em público
Já o dentista William Thomas Green Morton realizou experimentos com o éter e foi o responsável pela primeira demonstração pública dos efeitos do anestésico. Na ocasião, ele anestesiou um paciente para a extração de um dente molar. O paciente caiu em sono profundo e, ao acordar, disse não ter sentido nenhuma dor durante a cirurgia. O sucesso da experiência fez com que outras cirurgias, a partir daquele ano, utilizassem o método do dentista Morton. Embora alguns dados históricos comentem que o pioneiro no uso do éter como anestésico foi o médico americano Crawford Williamson Long, ele nunca disputou a autoria do procedimento e o mérito ficou com Morton.
Sorria sem dor
É claro que de lá para cá muita coisa mudou. Os métodos foram aperfeiçoados, a anestesia evoluiu, os profissionais estão cada vez mais especializados e o procedimento, como um todo, mais seguro. Essa grande invenção beneficiou não só os pacientes, como também tornou a vida dos cirurgiões-dentistas mais fácil, já que não precisam mais lidar com momentos de desespero de seus pacientes, o que poderia até atrapalhar seu desempenho durante a cirurgia. Portanto, toda vez que precisar passar por uma cirurgia dentária, lembre-se desses dois personagens importantes que acabaram com motivos de dor e só trouxeram mais motivos para você sorrir com saúde.