Chega a hora da refeição e para você começa o desafio: fazer seu filho comer… E comer bem. Seu caso não é nada anormal, essa queixa é campeã nos consultórios pediátricos. Mas antes de tudo, é preciso entender que o processo de alimentação tem que ser um aprendizado e não um convencimento, tornando-se então parte natural da vida dos pequenos.
Chantagem emocional, ameaças ou promessas de um docinho ou um brinquedo não podem ser condições para que seu filho abra a boca e coma. Além de não funcionarem, ou funcionarem momentaneamente, essas estratégias não alcançam o objetivo maior: criar hábitos saudáveis de alimentação. Pensando nisso, o Sorrisologia conversou com a nutricionista Sheila Basso, que destacou recomendações para esse momento.
Respeite o tempo da criança
Ao longo da vida, somos apresentados a diferentes tipos de alimentos, e começamos a escolher nossos favoritos. Entretanto, esse momento de provas nos primeiros anos são fundamentais, especialmente pelo intenso desenvolvimento da fase. Por isso, assim como explica a profissional, deficiências nutricionais ou condutas inadequadas na alimentação dos pequenos podem prejudicar o crescimento deles e até resultar em consequências graves, como atraso escolar e desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
“Dê somente leite materno até os 6 meses de vida da criança. Ele contém tudo que a criança precisa nesta fase, inclusive água. Após os 6 meses, introduza de forma lenta e gradual outros alimentos, como papa de frutas e papa “salgada”, preparada com vegetais e com carne na consistência de purê. Mas é importante manter o leite materno até os dois anos de idade ou mais, pois ele continua alimentando a criança e protegendo-a contra doenças”, explica.
Hora da refeição = diversão
A comida para as crianças deve ser divertida, portanto, que tal deixar o momento mais legal para eles? Compre pratos e talheres com estampas de desenho animado, abuse da criatividade e monte a refeição fazendo desenho com a comida ou cortando os alimentos em formatos variados, como bolinhas, palitinhos, rodelas, etc.
Para a nutricionista, é importante que as crianças aprendam a gostar do sabor dos alimentos frescos e saudáveis desde pequenos. E dá a dica. “Oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuindo-os em pelo menos três refeições e dois lanches por dia; Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (batatas), raízes (mandioca, macaxeira, aipim), pães e massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches do seu filho ao longo do dia”.
O que evitar?
Criança e doce são palavras que andam juntas, né? A gente sabe que essa galerinha não resiste às balas, bombons e chocolates, mas é preciso ficar de olho nesse consumo, em especial nos primeiros anos de vida, pois sãomais propensos a cáries. “Evite açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinho e outras guloseimas. Já foi comprovado que a criança nasce com preferência para o sabor doce, portanto a adição de açúcar é desnecessária e deve ser evitada nos dois primeiros anos de vida. O sal também deve ser usado com moderação.”, comentou Sheila. Além disso, não deixe de orientá-lo sobre a higiene bucal. Transforme esse momento em algo também divertido para o pequeno e ajude-o com os movimentos corretos. Para completar, não deixe o fio dental de fora, já que é essencial para manter a saúde bucal em dia.
Outras dicas valiosas
Entenda que não será da noite para o dia que seu filho vai passar a comer tudo que você tanto sonha, isso é processo que leva tempo e paciência. Mas feitos com carinho e do jeito certo, você perceberá a mudança acontecendo. Também não se iluda achando que um belo dia ele nunca mais comerá doces. A não ser que seja questão de escolha pessoal quando ele já tiver maturidade e capacidade pra tomar essa decisão, ele ainda vai pedir um docinho de vez em quando. Cabe aos pais saberem moderar esse consumo. Confira uma lista com outras dicas para estimular seu filho a se alimentar melhor.
– Incentive o consumo de água e sucos naturais de frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo;
– Leve a criança ao supermercado ou feira para que ela possa entrar em contato com os alimentos, possibilitando cheirá-los, tocá-los e reconhecê-los;
– Ofereça diferentes alimentos durante o dia. Uma alimentação variada é, também, colorida. Frutas e papas salgadas vão garantir o suprimento de todos os nutrientes necessários ao crescimento e desenvolvimento normais;
– Não substitua o almoço e jantar por refeições lácteas ou lanches. A criança deve receber uma preparação mais elaborada nesses horários;
– Não adianta forçar seu filho a comer verduras e legumes enquanto você saboreia um delicioso pedaço de pizza. Seja um exemplo saudável para seu filho seguir;
– Não exclua a criança. É muito importante que elas façam as refeições junto com os adultos. Assim elas podem observar os mais velhos e saber como se comportar durante as refeições;
– Comer bem não significa comer muito. Criança tem estômago pequeno, por isso, a qualidade da comida é mais importante do que a quantidade.
Este artigo tem a contribuição do especialista:
Sheila Basso – Nutricionista
CRN3: 21557