Tudo começa com algumas lesões no interior da boca, como se fossem aftas que não cicatrizam. O HPV bucal, também conhecido como papiloma vírus humano, pode ser identificado através do autoexame bucal, tratado e prevenido por um dentista especialista no assunto. Mas será que esta doença infecciosa pode acarretar outros problemas para a saúde oral como o câncer de boca? O estomatologista bucal Daniel Cohen ajuda a desvendar essa questão e explica que um diagnóstico precoce e medidas preventivas são as melhores formas de viver longe desses problemas e manter a boca saudável.
Câncer de boca e o HPV
Segundo o profissional, o HPV aumenta o risco em relação ao câncer de garganta. “A ciência ainda não desvendou se existe ou não a ligação entre o HPV e o câncer de boca”. O especialista lembra de um interessante estudo realizado e publicado no jornal Cancer Research que avaliou aproximadamente 1500 casos de pacientes com câncer de garganta. A pesquisa mostrou dados curiosos. “Enquanto os casos de câncer na região da garganta dobraram em uma década no Reino Unido, aqueles associados ou não ao HPV permaneceram em 50% cada, de forma estável, por todo este tempo”.
Segundo o profissional, estes dados mostram que o alarmismo com relação ao HPV é um pouco exagerado, mas que, mesmo assim, precisa de medidas preventivas, como a vacinação contra o vírus. Além disso, este tipo de câncer, associado ao HPV, apresenta uma resposta melhor ao tratamento do que aquele que não tem relação com o vírus.
O diagnóstico precoce faz toda diferença
Para que as chances de cura sejam grandes é importante realizar o diagnóstico precoce da doença. O estomatologista diz que os dados positivos da última década estão relacionados ao descobrimento ainda cedo do HPV bucal. A odontologia tem um grande papel neste processo, realizando remoções cirúrgicas das lesões e fazendo a manutenção do sistema imunológico para diminuir a possibilidade de recaídas. Daniel diz que ainda existe muito o que melhorar com relação à vigilância do câncer de boca e às lesões que precedem o problema. Assim ficará ainda mais simples diminuir os riscos da doença.
Idade mais afetada pelo câncer de boca
O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) aponta que a maioria dos pacientes afetados (70%) é do sexo feminino, entre 40 e 50 anos. Para os pacientes mais jovens, abaixo de 40 ou 45 anos, a incidência ainda é muito reduzida, segundo Daniel. Em alguns casos ela pode estar relacionada à doenças genéticas raras. “Nosso organismo apresenta mutações dos genes que chamamos de supressores tumorais, que deixam de funcionar corretamente, permitindo, desta forma, a evolução de tumores malignos como o câncer de boca”, atenta.
Existem maneiras de prevenir o problema
Para evitar tanto o câncer quanto o HPV na sua boca é preciso praticar medidas preventivas, como uma boa alimentação e uma higiene bucal correta. Deixar os maus hábitos para trás, como o tabagismo, também é uma forma de evitar essas doenças. Fazer o autoexame bucal e visitar seu dentista sempre que necessário são outros meios de manter seu sorriso saudável e protegido. “Lembre-se que o maior problema do câncer de boca é seu diagnóstico tardio, que pode ser evitado através do acompanhamento das lesões bucais pelos especialistas da área”, finaliza.