Você já ouviu falar de displasia cleidocraniana? Apesar de ser uma síndrome rara, que acomete 1 em cada um milhão de pessoas, ela ficou conhecida devido ao sucesso da série Stranger Things. O ator mirim Gaten Matarazzo interpreta o personagem Dustin que sofre bullying na escola pela falta de dentes, reflexo da doença que atinge o astro na vida real e na ficção. A doença tem causa genética na maioria das vezes. O patologista bucal Daniel Cohen explica que a síndrome pode se desenvolver por fatores hereditários ou mutações espontâneas.
Entenda mais sobre a displasia cleidocraniana
Também conhecida como disostose cleidocraniana, a displasia representa uma desordem das estruturas esqueléticas que altera não só a produção e remodelação óssea, como também interfere no processo de formação e nascimento dos dentes. “As clavículas (ausentes ou reduzidas) e ossos do crânio são geralmente afetados de forma mais expressiva”, completa o especialista. Outra consequência muito comum é a aproximação dos ombros em direção ao centro do corpo.
O diagnóstico da displasia cleidocraniana é feito de forma visual
Daniel afirma que a aparência do portador de displasia é suficiente para o diagnóstico. “O paciente tende a ter baixa estatura e a cabeça grande, com relevância da parte externa dos ossos que compõem os lados superiores, anterior e lateral do crânio, respectivamente”. Frequentemente são notados também o aumento da distância entre os olhos e a base larga do nariz com a parte do osso superior achatada.
Estes pacientes também costumam exibir poucos dentes visíveis na boca, no entanto, são dentes extranumerários, ou seja, vão além da quantidade normal. A maioria deles é incluso e pode ser observada através de exames radiográficos. O profissional ainda cita outros reflexos dessa síndrome, como céu da boca profundo e a ausência ou malformação dos seios da face.
O portador da displasia cleidocraniana tem muitos dentes inclusos
Os portadores da síndrome não trocam a dentição decídua para a permanente, mantendo muitos dentes inclusos. “Quando os dentes de leite são perdidos por cárie ou doença periodontal, os permanentes e extranumerários não costumam vir à boca, dando a falsa impressão de falta de dentes”. Por este motivo, muita gente pensa que o problema consiste na perda dentária, quando, na verdade, é o oposto.
Opções de tratamento para displasia cleidocraniana
No caso de anomalias ósseas o tratamento não é necessário. “A maioria dos pacientes apresenta suas funções normais sem quaisquer problemas significativos”, garante. No entanto, as complicações odontológicas ligadas à displasia precisam de cuidados. Uma das medidas é a extração de todos os dentes decíduos e extranumerários, que deve ser realizada aos poucos.
Assim a dentição permanente consegue nascer com ajuda do tracionamento ortodôntico. “O procedimento deve ser realizado ainda quando criança, em fase de crescimento ósseo, para minimizar o risco da altura facial inferior encurtada e o prognatismo mandibular (quando o queixo se projeta para frente)”, conclui. De acordo com artigo publicado na Revista de Ciências Médicas e Biológicas da UFBA, o tratamento ortodôntico também pode ajudar a alinhar os dentes permanentes e diminuir a morbidade da síndrome.
Atualizada em 27/10/2022.