De onde vem o mau hálito? Aposto que muitos arriscam dizer “estômago”, não é? O mau hálito, segundo a Organização Mundial da Saúde, afeta cerca de 40% da população mundial e são muitas as suas causas desse problema, mas será que o estômago realmente é o maior culpado pelo mau odor que vem da boca? Convidamos o especialista em halitose Maurício Duarte da Conceição para revelar se essa afirmação é verdadeira ou falsa.
O mau hálito vem do estômago. Mito ou verdade?
Um dos maiores sensos comuns foi desmitificado: não! O mau hálito não vem do estômago. “Em 5 mil tratamentos não constatei um único caso em que a halitose tivesse essa origem. Talvez esse seja o maior mito na área da saúde na atualidade”, afirma Maurício. A explicação é simples. Quando respiramos, o ar vem dos nossos pulmões e não do nosso estômago.
Há chances do estômago prover o mau odor?
Segundo o especialista, um dos casos em que o mau hálito tem a ver com o estômago é na chamada Síndrome de Rapunzel, uma complicação grave de quem sente uma vontade incontrolável de arrancar e engolir os próprios cabelos, logo, os fios ingeridos se acumulam no estômago, formando uma bola de cabelos. “Na literatura existem casos raros descritos em que a halitose pode vir do estômago, como a halitose por fístula gastrocólica ou por tricobezoar gástrico”. Consegue imaginar?
A relação do sistema digestório com o hálito
“O esôfago, que une o estômago à garganta e cavidade bucal, é um tubo normalmente colabado, com paredes comprimidas e grudadas, que se abre somente quando ocorre a deglutição”.Maurício diz que a situação em que o ar pode vir de dentro do estômago com um odor alterado é quando acontece uma eructação gástrica – popularmente conhecido como arroto – ou em casos de refluxos gastroesofágico, no qual o odor do hálito também fica alterado, mas apenas por um tempo.
Mesmo assim o odor vindo do estômago nesses casos não é considerado mau hálito, segundo o especialista. “Porque o odor do hálito vindo do estômago será ácido e não o característico odor de enxofre presente na halitose crônica”, explica acrescentando que é uma alteração breve e passageira do hálito.
Então, de onde veio esse mito?
O dentista aposta que essa crença surgiu principalmente pela halitose decorrente da ingestão de alimentos que alteram o odor do hálito e também pelo mau hálito devido ao jejum prolongado. “As pessoas associavam que tanto ao comer algo como ao ficar em jejum por horas, o hálito sofria alterações, levando à conclusão errônea de que o estômago era o vilão”. Mas ele ressalva que essas mudanças não são por causa do estômago, mas sim pelo ar expirado pelos pulmões, devido aos componentes mal cheirosos que esses alimentos têm e pela hipoglicemia. “Essas alterações são passageiras e não são consideradas halitose crônica”.